“After Walker Evans” por Sherrie Levine

  
Na esfera da linguagem fotográfica, um dos trabalhos de apropriação mais aclamados é o de Sherrie Levine, na série “After Walker Evans”, pois, a despeito da autoria, toma a fotografia, do legendário fotógrafo da depressão norte-americana, como sua: “O trabalho de Sherrie Levine [...] observa as imagens e fala a respeito da propriedade delas, do problema de a quem elas pertencem”[i].

Arthur Danto (filósofo e crítico de arte norte-americano) expõe "é uma interpretação que a informação visível por si só não pode fornecer", ou seja, seria uma metáfora levada ao limite, ao deixar óbvio o caráter de simulação e cópia. 

Levine trabalha aquilo que não está visível aos olhos, onde imagens se relacionam com imagens, refletindo-as, representanado-as, imitando-as. A inspiração e espontaneidade são deixadas de lado, as figuras são encaminhadas e trabalhadas para fazer uma eloquência óbvia.

A artista trabalhou com apropriações de forma a romper com os estereótipos de originalidade da obra de arte. Nos faz perceber que tudo pode ser arte, já que qualquer escolha é possível. Regras e parâmetros são desfeitos e a liberdade artísca no campo da criação fica em voga.

Torna-se evidente a era dos simulacros e simulações [ii], chegando a um ponto que a cópia é mais “original” que o “original”, ou melhor, da ideia do modelo, já que não temos um original. Ao olharmos a fotografia de Evans nos remetemos imediatamente ao trabalho de Levine.
           
           
           

[i] DANTO, Arthur. “Arte sem paradigma”, em Arte e ensaio – Revista da Pós UFRJ, nº7.
[ii] Termo cunhado por Baudrillard.


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