Istambul, 1ª parte

As áreas históricas de Istambul são consideradas patrimônio da humanidade, pela Unesco. Em razão da sua localização estratégica no Bósforo, Mar Negro e Mar Mediterrâneo, a cidade foi capital do Império Romano do Oriente e do Império Otomano, logo, está associada a grandes eventos históricos, políticos e artísticos nos últimos dois mil anos. Já foi denominada Bizâncio e Constantinopla, antes da atual nomenclatura. A cidade une o Oriente ao Ocidente, a Europa com a Ásia, pois é a única cidade que tem um lado europeu e outro asiático. O legado histórico pode ser apreciado na perícia arquitetônica na construção da Hagia Sofia, na beleza do Palácio Topkapi, na Mesquita Azul. 
 
 
 
Doces turcos conhecidos como turquish delight


Pretendia passar 5 dias em Istambul, mas no fim, em razão das combinações de voo de chegada e de partida, acabei reservando 4 diárias, sendo que fiquei apenas 3 dias inteiros. O voo de Veneza para Istambul foi comprado com milhas no site do Smiles, por 12.500 pontos e taxa de R$159,00. É uma boa opção para quem tem milhas e pretende gastá-las.

O voo comprado chegaria em Istambul às 2h, portanto, na seleção do hotel, observei se tinha recepção 24 horas. Optei por um hotel boutique muito bem avaliado no Tripadvisor, WorldHeritage Hotel.
 

Assim que fiz a reserva no hoteis.com (prefiro ao booking, pois pago antecipadamente e parcelo) perguntei quanto custaria o transfer desde o aeroporto, já que o voo chegaria durante a madrugada. A resposta foi rápida e custava 20 euros. Reservei o transfer com o hotel.
 
No dia anterior, a Alitalia avisou, via e-mail, que o voo sofreria um atraso de 2 horas. Corri e avisei ao hotel e torci para que pudessem ler e que o motorista estivesse lá às 4 da manhã. Ainda no aeroporto, li a resposta, agradeceram a informação e disseram que estariam no aeroporto no horário do desembarque.

Assim que cheguei, havia uma placa com o meu nome. Um rapaz tinha várias placas e avisava por telefone ao motorista – que levou cerca de 20 minutos para aparecer. Uma van veio nos buscar. No hotel, mesmo durante a madrugada o atendimento foi excelente, ofereceram chá, água e deram uma explicação sobre o quarto. Disseram que no dia seguinte receberia uma informação detalhada sobre a cidade.

O quarto era bem decorado, tinha frigobar com refrigerante e água grátis, cafeteira com chá e café também grátis. A cama era confortável e o wi-fi funcionava perfeitamente. Apenas o banheiro era pequeno. No dia seguinte segui para o café da manhã e senti a diferença cultural. O café da manhã é muito diferente! Salada com azeitona, tomate, pepino. Queijos apimentados. Tinha máquina de cappuccino.


Ao descer, o gerente deu a melhor explicação sobre uma cidade que já recebi na vida. Pegou dois mapas e fez um roteiro dia a dia, dando dicas sobre transporte e museu. Indico o hotel de olhos fechados. Na recepção todos os dias há disponível bolos e tortas caseiras grátis. Dá para visitar praticamente todas as atrações caminhando.

No hotel, disseram que poderíamos fazer câmbio nas proximidades, mas que a melhor cotação seria no Grand Bazaar. Troquei 100 euros para as despesas do primeiro dia. A cotação, em
média, era de 1 euro= 3,29 liras turcas.
Lira Turca

Decidi que compraria o “Museum Pass”, que é válido por 5 dias e custa 85 liras turcas (a moeda da Turquia). O passe é importante principalmente por evitar filas, mas também é econômico se visitar, pelo menos, 4 atrações.  E o valor pode ser considerado muito barato (tem o mesmo preço da entrada de Acrópole, uma única atração em Atenas, por exemplo). Atendendo a dica do hotel, caminhamos 2 minutos e no fim da rua fica o Museu de Arte Turca e Islâmica, que tem a bilheteria vazia e poderíamos comprar o passe sem fila (foi necessário apresentar o passaporte). Depois observei que na frente ou dentro de vários pontos turísticos existem máquinas para comprar o museum pass, sem qualquer burocracia. Existe o "müzekart", assim como na Holanda, que é válido por 1 ano e seu custo é ínfimo (40 TL), mas em Istambul só permitem a venda para residentes.
 

Passamos pelo Hipódromo de Constantinopla, construído em 203 quando a cidade ainda se chamava Bizâncio, era onde ocorriam as corridas de cavalo da maior cidade do mundo. O Imperador Constantino mudou a sede do governo de Roma para Constantinopla em 324 e ampliou a cidade. Naquela época, as corridas de cavalo contavam com mais de 100 mil espectadores. O local hoje é a conhecida praça Sultanahmet Meydanı. Existem apenas 3 obeliscos na praça, sendo um egípcio, que é uma peça comemorativa retirada do Templo de Apolo, em Delfos, e instalada naquele espaço. 



 

Para entrar
na Mesquita Azul, além de ter que usar um lenço na cabeça, as mulheres recebiam uma saia azul (acredito que apenas quem estava de calça comprida justa, como eu). E todos ganhavam um saco plástico transparente para colocar os sapatos. A entrada dos turistas praticantes de outras religiões não é a mesma dos muçulmanos. 



 



A Mesquita Azul, símbolo da cidade, é decorada com um macio tapete e com lustres que lembram gotas da chuva. Fica exatamente na frente da Igreja Santa Sofia, pois o Sultão Ahmed I, em 1606, quis construir uma mesquita maior e mais bonita que o antigo edifício bizantino.
 

 
Mesquita Azul vista da Hagia Sofia
Atravessei o jardim, que divide as duas grandes construções da cidade, e entrei na Hagia Sofia (Igreja Santa Sofia ou Aya Sofia). É um museu que integra a arte bizantina de quando a igreja foi construída no Império Bizantino com a mesquita da época do Império Otomano. A igreja foi construída entre 532-537 pelo Império Bizantino, pois seria a catedral da cidade de Constantinopla. Cumpre registrar que foi a maior igreja construída pelo Império Romano do Oriente e designada como "Santa sabedoria" (tradução de "hagia sofia"). Os mármores utilizados em sua construção vieram de diversos lugares do mundo, como Síria, Ilha de Mármara e Norte da África. As colunas que sustentam as naves e cúpulas vieram de Éfeso (Templo de Ártemis) e Egito. O prédio foi convertido em mesquita em 1453, em razão da conquista do Império Otomano. Naquele momento a estrutura foi fortificada e minaretes (torres de onde ecoam o chamado para as 5 orações diárias para os muçulmanos) foram adicionados. Grandes mosaicos bizantinos podem ser apreciados nas paredes e cúpula do museu.
 
 

 

Ressalto que a lojinha do museu é ótima e os preços são bastante acessíveis. Comprei um kit (bolsa, moeda, marcador de livro, postal, chaveiro, ímã) por 19 TL em dois museus.

Por volta do meio-dia, resolvi fazer uma parada e ir até o hotel. No caminho comprei o famoso Döner kebab (churrasco turco). Pode escolher carne de boi (11 TL) ou frango (7 TL). A comida turca e grega são bastante parecidas. O sanduíche é um wrap, colocam a carne, batata frita, molho de iogurte, tomate, alface e cebola num fino pão e embrulham. O sabor era ótimo. Confesso que tinha medo desse tipo de comida, mas observei que muitos locais se alimentavam ali.



Depois de um breve descanso, após uma caminhada de 1 km, cheguei no Topkapi Palace (http://topkapisarayi.gov.tr/en) – palácio construído entre 1459-1465 por Mehmet após conquistar Constantinopla. O palácio é gigantesco, formado por diversas estruturas arquitetônicas, divididas em 4 pátios. Foi convertido no primeiro museu da Turquia em 1924. A vista para o mar de Mármara e Bósforo é indescritível. É necessário reservar algumas horas para caminhar por todos os edifícios e observar as coleções expostas.

 


 
 
 





Na saída do Topkapi, entrei no Harém do Sultão, que é um dos prédios mais lindos que já visitei. A palavra "harém", em árabe, significa “lugar sagrado que as pessoas não podem entrar." Na cultura otomana, o harém era a habitação do Sultão, the queen mother (sua mulher), concubinas, filhos, irmãos e eunucos (que tomavam conta da casa). Os eunucos eram escolhidos na África Central e eram rigorosamente treinados para controlar o acesso ao harém. Logo na entrada existe um grande espaço que provavelmente servia de dormitório. O sultão também tinha um companheiro, denominado “musahib”, que era escolhido em razão da sua conversa hábil e espirituosa. Existiam apartamentos para as esposas preferidas do Sultão: três unidades independentes. Existia ainda a habitação da “rainha mãe”, que era mãe do primogênito do Sultão, que o sucederia ao trono – no século 17 tiveram muito poder, já que sultões ascenderam ao trono ainda muito jovens. O banheiro, todo feito em mármore, tem a forma dos famoso hamam turco e tinha uma enorme banheira.



 




 

 
Hamam
Observei que a segurança é intensa em todos os espaços públicos. Para entrar em qualquer prédio foi necessário passar por detector de metal e a bolsa pelo raio-x. Provavelmente é um aparato recente em decorrência dos atentados dos últimos 6 meses. 

Ainda no primeiro dia em Istambul, estive na Cisterna da Basílica Santa Sofia, mas fui informada que não estava incluída no "museum pass". Resolvi não entrar, já que tinha inúmeras atrações que poderiam ser visitadas com o passe.

Algo me chamou a atenção: as ruas seriam completamente limpas se não fossem as inúmeras guimbas de cigarro. Os turcos fumam muito. Os restaurantes, em geral, permitem fumar apenas no exterior, nas varandas, deixando o interior dos estabelecimentos vazios. Observei uma loja no duty free que só vendia cigarros, tamanho é o fascínio deles. E ainda, o uso do narguilé nos cafés é muito comum.
 
Ruas de Istambul


Turkish delights, doces turcos



Os famosos tapetes turcos

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