Havana (4ª parte)

No nosso último dia em Havana, acordamos e seguimos para o restaurante "Dos pelotas", com o objetivo de tomarmos o café da manhã. Pedi uma porção de frutas, uma omelete e um suco. Tudo custou 2,75 CUC, ou seja, um preço imbatível na região, muito mais barato que nas casas particulares ou nos hotéis.





O primeiro ponto turístico visitado foi o Palacio de la Artesania, também conhecido como Casa de Don Mateo Pedroso. É uma mansão do século 18, que pertenceu à família Pedroso, descendentes de nobres, Don Mateo era vereador da cidade e uma das figuras influentes do governo colonial. No século 20 se tornou prédio residencial e mais tarde foi reformado para servir como "shopping". Hoje é uma grande loja de artesanatos, onde encontramos charutos, joias, roupas, arte, sapatos, café.





Assim que ingressamos no prédio bicolor, nos deparamos com um grupo feminino tocando no pátio. Havana é uma cidade musical, em todos os lugares que visitamos tinha som ao vivo de qualidade. Guilherme queria comprar uma camisa para sua mãe, então entramos numa loja de camisas temáticas. As vendedoras elogiaram meu cabelo, depois queriam que ele comprasse uma camiseta pra mim, então explicou que éramos apenas amigos.






No segundo andar comprei apenas um chaveiro e uma pulseira. Também tinha uma loja da Puma, no entanto, os preços não eram convidativos. O local é muito bonito, além de ser uma oportunidade de fugir do calor e tem um cenário ideal para tirar fotos.






Caminhamos até a região onde ficava o hostel, que nos hospedamos na chegada. Guilherme quis cumprimentar a funcionária que servia o café da manhã, a Yamilka - todos os dias pedia o isqueiro emprestado para ela, além de conversar sobre a vida em Cuba. Esqueci de comentar nos posts anteriores, pois ficou emocionado na despedida e deu alguns CUCs de gorjeta. Na frente do hostel tem um café chamado Cafeteria Aché, onde tomamos refresco por apenas 0,25 CUC. 



Vou aproveitar para contar como conheci Guilherme, meu parceiro nessa viagem (risos). Estava fantasiada numa fila do show da Madonna no Parque Olímpico, em 2012, na MDNA Tour. De repente, chegou aquele menino bonito, dizendo que me conhecia. Era muito ativa no falecido "Orkut" e achei que tinha me visto em alguma comunidade. Ele exclamou "Você é a Dani da fulana" (fulana era uma amiga famosa, que não tenho mais contato). Então perguntei se era "stalker" na internet. Desde aquela época nos falamos sempre pelos meios virtuais, mas antes da viagem, só nos vimos, além da fila do show, numa boate, em 2015, quando nos encontramos para dançar ao som de nosso ídolo.



Caminhamos até Plaza de la Catedral, aproveitamos para visitar o interior da Catedral de Havana, que é uma das onze igrejas católicas romanas de Cuba. Os jesuítas iniciaram a obra da igreja no estilo barroco (1748-1750), mas foram interrompidas em decorrência da possessão espanhola. Em 1782 foi consagrada como catedral. Diz a lenda que já abrigou os restos mortais de Cristóvão Colombo. 




Aproveitamos para flanar por Havana, passando por praças, observando escolas, mulheres com roupas típicas, livrarias. A livraria me surpreendeu negativamente, pois tinha pouquíssimas publicações, ainda mais se considerarmos a dificuldade de acessar a internet na ilha, achei que os livros fossem a maior fonte de conhecimento. É provável que utilizem as publicações das bibliotecas públicas.




O dinheiro de Guilherme acabou e fomos até a cadeca (casa de câmbio) localizada na rua Obispo. A fila era gigantesca e tinha muitos cubanos, que provavelmente vendem em CUC e trocam por CUP. Disse para tentar conseguir a nota de 3 CUP, com o rosto do Che Guevara, pois reza a lenda que é difícil consegui-la, pois se tornou um suvenir muito procurado. Voltou todo sorridente, pois a mulher deu um maço de notas com a cara do Che! Felizmente fui presenteada com uma, que guardo com carinho.



Guillermo fazendo amizade na fila, como sempre

Naquele dia visitamos o Museo Nacional de Bellas Artes de Cuba, que cobra 5 CUC pelo ingresso. Tivemos que deixar as bolsas na chapelaria e fomos informados que nas salas de exposições não poderíamos fotografar. O prédio é imenso, mas está muito abandonado. Tem uma sala de cinema no térreo, um restaurante, depois uma escadaria conecta com os outros andares. O "folder" avisa que hoje em dia o prédio mostra exclusivamente obras de arte cubanas, que são divididas em 4 fases: Arte Colonial (séc. XVI-XIX), Mudança de Século (1894-1927), Arte Moderna e Arte Contemporânea.




Há uma sala especial para o maior expoente da arte cubana, Wilfredo Lam, mas, como esperado, todas as salas são quentes, pois não têm refrigeração. O banheiro não tem papel higiênico, que é um artigo de luxo por lá, mas levo sempre o meu. Como estou com "bexiga hiperativa", uma doença que me faz ir ao banheiro dezenas de vezes ao dia, conheço todos os banheiros dos lugares que visito. Assim que entrei na cabine, uma senhora me passou um pedaço de papel por cima da porta, mesmo dizendo que não precisava. Acho que é uma tática para receber alguma gorjeta.





Bem perto do MNBA fica o Museo de la Revolución, que cobra 8 CUC, mas não me cooptou. Guilherme queria muito visitá-lo, todavia, acabou desistindo com minha falta de interesse. Essa questão é importante, pois quando viajamos acompanhados nem sempre temos os mesmos gostos. Costumo fazer um roteiro incluindo tudo o que a cidade tem a oferecer, mas nunca consigo dar conta de todas as atividades. Nem sempre é fácil negociar (Sou ariana e admito que nunca quero ceder! rs), em Viena, queria ver arte contemporânea e meu amigo preferia arte pré-histórica, logo, sugeri que cada um fosse apreciar o que gosta e combinamos um horário e local para nos reencontrarmos. O mais importante é não ficarmos frustrados.

O calor estava implacável e comecei a sentir fortes dores de cabeça! Tínhamos combinado de visitar o bairro de Vedado naquele dia, contudo, fui culpada por não conseguirmos. Sugeri voltarmos ao apartamento, mas almoçamos antes no "Dos pelotas", depois deitei para tentar me restabelecer e não consegui. Vedado ficará para uma próxima visita. O roteiro incluía a rua 23, sorveteria Coppelia, Cine Yara, Centro Cultural Fresa y Chocolate.

Após escurecer, tomei banho e saímos para procurar uma pizza, bem como um local para acessarmos a internet. Primeiro estivemos num estabelecimento em Centro Habana, que vende pizzas e massas, El Italiano É um local popular e fica lotado. Os preços estavam em CUP e acho que uma pizza custava menos de 10 reais.

Resolvemos acessar a internet antes, pois tínhamos um cartão adquirido no resort. Retornamos em direção a Habana Vieja, atravessamos o Paseo del Prado e logo avistamos o Mercure Sevilla. Pensei em ficar do lado de fora, mas Guilherme entrou no hotel e perguntou se podia desfrutar da internet no hall. Disseram que poderíamos acessar no interior do hotel, bem como tinha um bar com música ao vivo. Entramos e pela primeira vez na viagem ficamos irritados um com o outro, mas é esperado, pois conviver diariamente com uma pessoa é bem difícil. O local é lindo! Um hotel de rede muito bem localizado para quem não precisa se preocupar com dinheiro. Pedi uma pizza marguerita e uma limonada, por 12 CUC. Os grandes hotéis têm wi-fi no hall e basta um cartão para se conectar.





Ao retornarmos ao apartamento, aproveitamos para conversar com nossos anfitriões. Sentamos no sofá da sala e ficamos por quase uma hora. Guilherme queria saber sobre política, mas preferi perguntar sobre questões sociais e amenidades. Falaram sobre a educação obrigatória, pois os pais respondem legalmente se a criança não aparecer na escola. Questionamos sobre a segurança. Disseram que é muito raro ter furto, mas, em geral, quando existe usam apenas facas. Falaram sobre a jornada de trabalho, contaram que estavam aposentados. Abriram o computador para mostrar o estrago que o furacão Irma fez com o país em setembro de 2017. A rua em que moram virou um rio, a água subiu até o teto do primeiro andar! As pessoas se locomoviam com barcos. Dessa vez não estavam com hóspedes, mas em outro furacão ficaram três dias sem poder sair de casa.

Deixamos as malas prontas no dia anterior, acordamos e perguntamos a Pablo se teriam café da manhã, pois o restaurante só abria às 8h. Como não tínhamos informado com antecedência, não havia a disponibilidade, então saímos em direção ao restaurante apressados, pois o táxi viria nos buscar às 8:30 (pedimos, no dia anterior, ao Pablo para chamar um táxi). Quando retornamos, o táxi já estava na porta. Descemos com as malas e seguimos para o aeroporto. 
Eu, Pablo, Raquel e Guilherme
Sobre Centro Habana, minha percepção foi muito positiva. Tendo em vista que não é uma área turística, não tem vendedor de rum ou charuto, não vi pessoas tentando aplicar golpes ou pedindo qualquer produto. Os moradores daquele bairro estão vivendo a vida deles, sem se preocupar com o turismo. Os preços são muito melhores que em Habana Vieja, tanto para comer quanto para se hospedar. 


Após o check-in, seguimos para a fila da cadeca para fazer o câmbio dos CUCs remanescentes (cerca de 70). Solicitei que me dessem notas de Euro, mas o atendente disse que não tinha, apenas dólar. Quando recebi as notas, observei que a maioria estava deteriorada, com rasgos ou sujas, pedi para trocar, no entanto, as notas de 10 recebidas continuavam danificadas e sabia que encontraria dificuldade para usá-las. Dito e feito. Dois dias depois viajei para o Deserto do Atacama e nenhuma casa de câmbio aceitava, por fim, quase chorando, um senhor recebeu os dólares, mas estabeleceu um valor bem abaixo da cotação do dia. Então a dica é: troque aos poucos os CUCs ou gaste todo o dinheiro para não ter essa dor de cabeça.


Para finalizar, reproduzo o texto do Gui, pois transmite o mesmo sentimento que tenho sobre o país maravilhoso chamado Cuba:
De tanto ouvir: “Vai pra Cuba”, eu decidi que era hora de conhecer um país que há muito tempo estava na minha lista.
Desde que retornei, há quase um mês, estou tentando processar tudo que vi em apenas 7 dias. Me aprofundei nas pesquisas, em livros e documentários para entender melhor a ilha de Fidel, afinal, eu fui fazer turismo e não uma pesquisa antropológica.
Fiquei impressionado com a beleza “decadente” de Havana. A cidade está no meu coração e eu quero voltar um dia.
Você vê o luxo e o lixo convivendo lado a lado.
Vi um país que parou no tempo. As casas mais novas parecem ser dos anos 70, mas me parece que é a arquitetura do local, pois as construções seguem o design daquela década.
O povo é o mais interessante. Sempre alegre e educado - para as turistas mulheres, há uma certa abordagem. Nada comparado ao quê vemos no Brasil, mas pode ser um problema para as turistas que viajam sozinhas.
Não tem assalto, ou abordagem direta - não pedem dinheiro, mas pedem sabonete, ou algum alimento, ou até roupa. O povo é pobre, de fato. Sabonete por exemplo é um item quase de luxo; e a comida é racionada e alguns itens como carne, são caros.
Eles trabalham muito!!! Mas trabalham para o governo - nas palavras da mulher que trabalha no hostel que eu fiquei - (Se bem que aqui no Brasil é assim desde 1500)
Eles têm educação e saúde - isso já sabemos.
Não se vê crianças na rua - a não ser acompanhadas pelos pais, ou a caminho da escola de uniforme...
Com certeza, essa foi uma das melhores viagens da minha vida. Me emocionei com as pessoas e suas histórias; os lugares; e antes que me chamem de esquerdista e afins, e continuem me mandando para Cuba, eu falo o seguinte: de fato, me considero de esquerda. No entanto, considero muito perigoso qualquer extremismo, seja à direita ou à esquerda.
Cuba é um lugar que tinha tudo pra dar (mais) certo - igual o Brasil. Quem sabe um dia...

Você também pode gostar

0 comentários

Experiências incríveis!